A Venezuela se tornou oficialmente o primeiro país das Américas a perder todas as suas geleiras, um acontecimento alarmante que reflete os impactos severos das mudanças climáticas. A última geleira do país, a La Corona, localizada no Parque Nacional Sierra Nevada, foi reclassificada como um simples campo de gelo após uma drástica redução de sua área. Em 2024, o que restou da geleira equivale a apenas 0,02 quilômetros quadrados, ou 0,4% de seu tamanho original.
A Perda das Geleiras
Historicamente, a Venezuela possuía seis geleiras que cobriam uma área total de aproximadamente 1.000 quilômetros quadrados. Entretanto, entre 1953 e 2019, o país perdeu cerca de 98% de sua cobertura de gelo. A situação se agravou nas últimas décadas, especialmente após 1998, com um derretimento acelerado, estimado em 17% ao ano desde 2016.
Tentativas de Conservação
Diante da iminente extinção da La Corona, o governo venezuelano implementou medidas emergenciais em 2023, como a instalação de mantas geotêxteis para proteger o gelo do aumento das temperaturas. No entanto, especialistas criticaram essa abordagem como ineficaz e potencialmente poluente, alertando que os materiais utilizados podem se decompor em microplásticos, contaminando o ecossistema local.
Implicações e Reflexões
A extinção das geleiras na Venezuela não representa apenas uma perda ambiental significativa, mas também a extinção de serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação hídrica e o equilíbrio climático regional. Além disso, esse fenômeno serve como um alerta para outros países da América do Sul, onde geleiras da Colômbia e do Equador já estão sob risco iminente de desaparecimento.
O colapso da La Corona evidencia a urgência de medidas globais mais eficazes para combater as mudanças climáticas. Cientistas alertam que o degelo acelerado das geleiras tropicais pode trazer consequências severas, como secas prolongadas, mudanças nos padrões de precipitação e impactos diretos na biodiversidade e nas populações locais.
A Venezuela se tornou um símbolo das transformações climáticas que estão remodelando o planeta. O desaparecimento de suas geleiras reforça a necessidade de ações concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e preservar os ecossistemas ameaçados. Sem medidas eficazes e um compromisso global, outras nações poderão seguir o mesmo caminho, tornando a crise climática ainda mais evidente e irreversível.
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