A Termo Norte, geradora da CS Energia, empresa do empresário Carlos Suarez, agendou para o dia 12 de março uma audiência pública sobre o licenciamento ambiental da Usina Termelétrica (UTE) Brasília. O empreendimento, com potência de ciclo combinado de 1.470 MW, deve operar com gás natural transportado pelo gasoduto Brasil Central da TGBC. No entanto, ambientalistas e comunidades locais estão mobilizados contra o projeto, apontando riscos ambientais e impactos na transição energética do país.
Os Desafios da Sustentabilidade
O projeto da UTE Brasília está inserido em um contexto polêmico. Ele prevê a contratação de usinas térmicas na base, dependentes de contratos de gás natural ou leilões que estavam previstos nas emendas vetadas do Projeto de Lei sobre energia eólica offshore. Essa iniciativa vai na contramão dos compromissos ambientais assumidos pelo Brasil para redução da pegada de carbono e ampliação da geração de energia limpa.
A queima de gás natural para geração de eletricidade libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) e metano, dois dos principais gases do efeito estufa. Isso compromete as metas climáticas e reforça a dependência do país em combustíveis fósseis, dificultando a transição para fontes renováveis como solar e eólica.
Licenciamento e Falta de Transparência
O licenciamento ambiental da usina está sendo prorrogado pelo Ibama, mas tem sido alvo de críticas. O Instituto Internacional Arayara alertou para a falta de transparência no processo, destacando que os dados da audiência pública foram inicialmente publicados de forma incorreta no site do projeto. A entidade também denuncia possíveis impactos severos na qualidade do ar, nas comunidades rurais da região e no bem-estar dos 5,5 milhões de moradores do Distrito Federal.
Outro ponto de controvérsia é a inclusão de uma filial de 200 metros da CEBGás, distribuidora de gás pertencente ao grupo de Suarez, que não está operando atualmente. Esse detalhe levanta questões sobre o real interesse na expansão da infraestrutura de gás e os possíveis benefícios financeiros ao empresário.
Histórico de Polêmicas
O nome de Carlos Suarez não é estranho a polêmicas no setor energético. Recentemente, sua empresa Cigás foi condenada pela Justiça Federal por obstrução em um caso envolvendo a Amazonas Energia. A empresa foi multada em R$ 4,5 milhões por agir de má-fé e fazer falsas alegações em um processo judicial. Como o estado do Amazonas detém 17% da Cigás, o valor da multa pode impactar os cofres públicos.
A Mobilização Contra a Usina
Diante desses desafios, ambientalistas e comunidades locais estão se organizando para barrar a construção da UTE Brasília. Além do impacto ambiental direto, a usina pode afetar escolas, comunidades rurais e a saúde pública, tornando-se um fator de preocupação para toda a região.
Com uma audiência pública agendada para breve, o debate está apenas começando. A questão central é se o Brasil quer apostar em fontes de energia sustentáveis ou continuar incentivando o uso de combustíveis fósseis, comprometendo o futuro ambiental do país.
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